quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Dona da Casa

24/04/2008
Sentir-se Dona da Casa é ter objetos nos lugares que se deseja, comer o que sentir vontade, na hora e como quiser. É organizar roupas, livros e cds como melhor lhe convier. É poder tomar banho quente com a janela do banheiro fechada e esquecer-se de abrir sem ouvir a bronca do pai. É sair do banho descanso sem reclamações da mãe. É arrumar quando quiser ou deixar tudo numa bagunça só. É convidar amigos para um bate papo com música e vinho sem precisar esperar que os pais saiam de viagem. É usar os copos, pratos, taças que bem entender sem ficar preocupado em repor os cristais que a mãe ganhou daquela tia no dia do casamento, caso se quebrem.
Ser Dona da Casa é estar no comando. É muito mais que ser dona de casa!
Hum!!! Mas, isso pode ter um preço altíssimo: cozinhar, passar, lavar, aprender a lidar com o maquinário doméstico...
É para dar essa força e esse poder de comando que criei o “DONA da CASA”. Pode ter certeza, passei por tudo isso e sobrevivi!
Nasci numa família de origem italiana muito privilegiada. Minha avó fazia crochê com desenvoltura, uma massa maravilhosa e um molho indescritível. Minha mãe nasceu com "mãos de ouro" para a cozinha, a costura, o tricô, crochê, bordados... Minha tia Vivi, outra sumidade como dona de casa.
Assim, costumo dizer que nasci numa máquina de costura e fui criada no fogão!
Minha irmã herdou o dom dos trabalhos manuais, sobretudo os que envolvem costura e bordado. Ah! Uma doceira de "mão cheia". Meu irmão caçula que foi o primeiro a morar sozinho numa cidade distante, dá um show quando vai para a cozinha. O mais velho tornou-se um “pizzaiolo” caseiro de excelente qualidade. E eu, bem, não poderia ser muito diferente: tenho me dado muito bem com o fogão, a cozinha e o resto da casa.
Vivi até os 40 anos na casa da mamãe. Claro que ela não me deixava fazer nada. Eu trabalhava o dia todo e estava sempre envolvida com muitos cursos. Minha contribuição nas reuniões de família diziam respeito a decoração e arrumação das mesas. Na costura, eu desenhava meus modelos para que a mamãe os concretizassem e estava sempre inventando algo diferente para fazer em tricô. Haja visto que também aprendi a fazer crochê com a vovó e fiz cursos de pintura em tecido e outros artesanatos quando criança.
Uma proposta de trabalho me levou para o interior de São Paulo e virei a Dona da Casa. Que felicidade!
Chorava todas as noites, pois não tinha ninguém me esperando com uma comidinha gostosa. Prá comer, tinha que preparar! Um belo dia descobri que estava na hora de lavar roupa e..."Manhê, como é que usa a máquina de lavar, heim??" E assim foi, até que fui organizando a vida e curtindo cada momento.
Cinco anos mais tarde, eu me casei. É bem verdade que o estágio foi muito importante, mas havia que aprender a dividir tudo: cama, espaço de armário, espaço no varal, comida em dobro, o triplo de roupa para lavar e passar... Entretanto, graças a minha formação universitária, fui usando minhas ferramentas de trabalho para aprender a viver e sobreviver nesta nova vida com toda a magia do "viveram felizes para sempre" da cerimônia do casamento dos contos de fadas e o dia seguinte da vida real.
Foi num desses momentos de passar roupa e organizar armários que resolvi socializar minhas conquistas como Dona de Casa.
Espero ser muuuiiito útil.
Com carinho,
Angela Caruso

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